Segunda-feira, 5 maio 2025
 
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Reajuste de 5%: “Tarcísio prometeu que as Polícias de SP estariam entre os melhores salários do País

Presidente do Sindpesp, delegada Jacqueline Valadares


Segundo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, os 5% anunciados pelo Palácio dos Bandeirantes não cobrem nem as perdas inflacionárias dos últimos dois anos; péssimos salários são, segundo a entidade, uma das principais causas do déficit gritante de 15 mil policiais


Estado - O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) lamentou o reajuste salarial de 5% anunciado pelo governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) às Polícias. O percentual, como alerta a entidade, é insuficiente para recompor a inflação acumulada nos últimos dois anos, em torno de 10%: 4,62%, em 2023, e 4,83%, em 2024. O índice gerou muitas manifestações negativas por parte da categoria nas redes sociais, especialmente porque, durante a campanha eleitoral de 2022, houve a promessa de que as Polícias de São Paulo estariam entre as melhores do País no aspecto salarial.

O último - e único - reajuste concedido por Tarcísio, de 20%, em média, ocorreu em 2023, com o compromisso de que, nos anos seguintes, haveria novos aumentos salariais, especialmente para a Polícia Civil, que, injustificadamente, recebeu percentuais menores à época. Contudo, em março de 2024, data-base da classe, não houve sequer a correção das perdas inflacionárias - mesma situação que se repetiu em março de 2025. Na semana passada, o governador anunciou 5% para o funcionalismo estadual em geral.

A presidente do Sindpesp, delegada Jacqueline Valadares, chama a atenção para a frustração dos policiais civis:

“O percentual ficou aquém das expectativas e gerou muita indignação da classe, cujos vencimentos têm sofrido expressiva perda no poder de compra. Com esses 5%, não conseguimos subir sequer uma posição no Ranking Nacional dos Salários dos Delegados. Continuamos no vergonhoso 24º lugar, embora São Paulo seja o estado mais rico do Brasil. Além disso, em 2023, quando preteriu a Polícia Civil em reajuste concedido às Forças de Segurança, houve promessa de que a injustiça seria corrigida - o que ainda não se efetivou”, reforça a delegada.

Os números comprovam a fala de Jacqueline. São Paulo fechou 2024 com R$ 275 bilhões de arrecadação - alta real de 8,8% sobre 2023. Uma disparidade que, como adverte a presidente do Sindpesp, traz consequências em muitas áreas, incluindo a já fragilizada Segurança Pública:

“Essa defasagem salarial só agrava o já alarmante déficit de quase 15 mil servidores na Polícia Civil. Muitos delegados se desestimulam com os baixos salários e buscam oportunidades em outros estados, por conta de melhor remuneração. A valorização da Polícia Civil de São Paulo é indispensável para impedir a evasão, motivar os profissionais e aliviar a sobrecarga de trabalho atual”, destaca.

Lei Orgânica

A expectativa, agora, segundo Jaqueline, é que a distorção salarial possa ser corrigida no projeto da nova Lei Orgânica da Polícia Civil, que será encaminhado, em breve, à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp):

“Há uma certa tensão sobre o que pode vir no projeto, até porque os policiais esperavam mais desses quase três anos de governo. Contamos com que o governador (Tarcísio Gomes de Freitas) reveja sua posição e proponha um sistema remuneratório justo, capaz de resgatar a dignidade dos delegados de Polícia e que reconheça a relevância e a complexidade das atribuições desses valorosos profissionais”, enfatiza.

Críticas

Para Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o reajuste de 5% para a Polícia Civil é “pífio”:

“O Governo de São Paulo segue sem apresentar um plano consistente de recuperação salarial para os policiais”.

Já para o deputado federal Delegado Palumbo (MDB-SP), o aumento oferecido pelo Estado à categoria é “merreca” e divorciado da promessa de campanha de Tarcísio - o de alçar os salários da Polícia Civil no topo do País:

“Os policiais estão sofrendo. Não vou me calar, porque não está tudo bem! E, aí, vem esses 5%. Entra governo, sai governo, continuamos enganados”.

Fiamini - Soluções Integradas em Comunicação - A serviço do Sindpesp.