Segunda-feira, 12 maio 2025
 
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Ilha Solteira oferece mais que lazer aos idosos

Aos 81 anos, seu José dá exemplo de trabalho.

Projeto mantém aposentados produtivos e colaborando para aumento da oferta de verduras e legumes na cidade.

Ilha Solteira - A Estância Turística de Ilha Solteira, no extremo Noroeste do Estado de São Paulo, se destaca por ser uma cidade bem cuidada, com altos índices nos itens da qualidade de vida. A criminalidade é baixa e a cidade com 25 mil habitantes passa anos sem registrar um homicídio.

Essas características agradam as faixas extremas da vida: crianças e idosos. Se por um lado a cidade é dotada de boa infra-estrutura de lazer e recreação, onde existem parques com brinquedos para pais e filhos; por outro, a menos de três quilômetros do núcleo urbano, está o rio Paraná com praias artificiais e muito peixe, onde em especial os idosos passam horas pescando.

Mas a terceira idade tem um programa de ação municipal que vai além do lazer e da recreação. Em Ilha Solteira, o prefeito Edson Gomes criou há mais de uma década, na sua primeira gestão que também foi a primeira da história do município, uma roça só para os aposentados.

A “Horta dos Aposentados” é uma área de aproximadamente 60 hectares localizada no perímetro urbano e que foi dividida em 100 micro-lotes para produção agrícola. Os beneficiados são escolhidos entre idosos com força de trabalho e perfil de carência social.

Segundo Gomes, a roça foi criada com duas intenções básicas: oferecer uma atividade mais dinâmica e saudável aos aposentados e ao mesmo tempo reduzir o preço das hortaliças no município, com o aumenta da oferta de alface, almeirão, tomate, cheiro verde, couve, pimentão e vários outros produtos que são oferecidos em feiras livres ou mesmo no “comércio formiguinha”, onde o agricultor leva a os maços de verdura fresquinhos até a dona de casa.

Nas hortas não se faz uso de agrotóxico e as sementes e adubos são adquiridas de duas formas: com a doação feita pelo Departamento Municipal de Agronegócios, que também oferece assistência agronômica, e através de venda de produtos recicláveis recolhidos na cidade.

É que aos aposentados a quem são concedidos o direito de explorar o lote, não se permite morar no local. Cada um tem sua casa num dos vários núcleos residenciais da cidade, também chamados de “passeios”. E todos os dias, pela manhã e à tarde, eles se dirigem até a roça para trabalhar a terra, fazer a colheita ou providenciar a comercialização da safra.

Nesse caminho diário, eles decidiram recolher papel, plástico e latinhas de alumínio. E o resultado é que a venda desses produtos recicláveis soma renda que permite se comprar aquilo que a prefeitura não oferece.

O diretor municipal de Agronegócios João de Oliveira Machado, considera que a Horta dos Aposentados é também uma forma de olhar diferente para quem já atingiu a terceira idade.

A diretora municipal de Bem Estar Social Aparecida Augusta, considera que a Horta dos Aposentados é um projeto social que permite absorver dos idosos e propagar para a população mais jovem, em geral filhos e netos, a cultura rural agrícola, entre elas a de plantar e fazer uso correto das ervas medicinais. Só os idosos acumularam experiências incontestáveis e úteis para todos.

Aos 81 anos, seu José dá exemplo de trabalho

José de Oliveira, com 81 anos, é um dos colonos da Horta dos Aposentados. Vai e vem todos os dias de bicicleta ou até mesmo caminhando, pois mora perto. Faz 16 anos que recebeu o lote e confessa que sua vida ganhou mais sentido por causa disso.

Deveria ser só uma distração, mas hoje é garantia de renda, pois graças à produção que vende na cidade com ajuda da esposa, consegue manter despesas da filha e duas netinhas.

São 20 canteiros, sendo que 8 deles estão protegidos por uma cobertura de plástico. Durante as chuvas, quando muita gente não tinha verduras, Oliveira estava colhendo normalmente. Vendeu maço de alface por R$ 2,50. Faturamento diário de R$ 125,00 com a venda de 50 maços.

“O prefeito Edson Gomes teve uma boa idéia de criar a Horta dos Aposentados e nem consigo dizer em palavras, como foi importante para mim poder trabalhar aqui contando sempre com ajuda da Prefeitura que oferece sementes e orientação técnica”, disse José.

O diretor municipal de Agronegócio João de Oliveira Machado, disse que José de Oliveira é um dos exemplos de dedicação que deve servir de reflexão para muita gente que está na terra e fala de dificuldades e desinteresse em cultivar e vender.