Segunda-feira, 12 maio 2025
 
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Arraias: Professor diz que “não há pesquisa de infestação em Ilha”

ILHA SOLTEIRA - Os pesquisadores ainda não possuem relatos sobre quantidade, nem registraram até agora ataques de arraias a banhistas ou pescadores em águas do Lago de Ilha Solteira.

Em entrevista à Agência Visão, o professor Vidal Haddad, livre docente da Unesp de Botucatu, citado em noticiário do G1 sobre esse assunto, disse que vai estar em Ilha Solteira no mês de maio, para juntamente com professores e estudantes do curso de Biologia da Unesp local, providenciar pesquisa para tentar quantificar e registrar o comportamento das arraias no reservatório hidrelétrico.

O empresário de piscicultura em tanque rede José Roberto Salles, também presidente da Comissão do Torneio de Pesca de Ilha Solteira, disse que “os relatos são raros, mas já existem arraias no lago superior de Ilha Solteira”.

Já o empresário Ruy Kohara, dono da mais movimentada pousada de pescadores ás margens do reservatório de Ilha Solteira, garante que até hoje nenhum pescador que freguenta sua pousada, afirmou ter encontrado alguma arraia. Diferente do rio Paraná no trecho de Castilho, a jusante de Jupiá, onde é comum os pecadores fisgarem arraias. “Nunca tivemos um caso desses e também não se tem notícia de qualquer tipo de ataque”. Para Ruy, dizer que o lago de Ilha Solteira “foi invadido pelas arraiais é exagerado e não retrata a realidade”.

O prefeito Edson Gomes e o diretor municipal de Turismo Darley de Barros Júnior se mostraram preocupados com a repercussão desse noticiário, pois apesar de não haver registro algum, os cientistas admitem a possibilidade de que “no futuro” as arraias possam estar presentes no reservatório, pois já foram vistas em Itapura, no rio Tietê, que é ligado a Ilha Solteira pelo Canal de Pereira Barreto.

Em Três Lagoas, a localização de arraias às margens do Rio Sucuriú, onde existe um Balneário Municipal com praia artificial, levou a Prefeitura construir uma tela de proteção vedando a praia e impedindo que arraias ou sucuris ( o rio é famoso pela presença dessas cobras não venenosas ) cheguem até a área dos banhistas.

O pesquisador Haddad, aconselha que se faça campanhas de esclarecimentos, pois na sua opinião é possível conviver com baixo grau de risco. As arraias só atacam se forem pisadas. Daí elas podem ferroar com a calda e dispersar veneno que causa muita dor.

Leia abaixo a íntegra da correspondência enviada pelo pesquisador ao jornalista Antônio José do Carmo:

“Caro Antônio, é mais do que conhecido pela população de Ilha Solteira (especialmente pelos pescadores) a presença de arraias fluviais do gênero Potamotrygon nas águas locais. Elas vem se instalando de maneira insidiosa provavelmente há alguns anos e começaram a ser notadas recentemente. Não há motivo para alarme ou reações de pânico, mas a instalação existe.

Mantemos um grupo que monitora o avanço destes peixes no rio Paraná e tivemos a oportunidade de relatar a entrada destes no rio Tietê, em Itapura. Para maio, tenho uma viagem marcada para Ilha Solteira, visando dividir com a Biologia da UNESP daí um esforço de quantificação e se possível, conscientização da comunidade sobre prováveis riscos e medidas preventivas de acidentes (já temos um folheto com todas as informações em linguagem acessível que usamos em Rosana, Três Lagoas e outros municípios.

É louvável que o prefeito se interesse pelo tema e talvez possamos programar a presença de representantes da Prefeitura para uma ampla discussão sobre o assunto em ocasião vindoura.

Adicionalmente, o título original da matéria é "Arraias invadem os rios paulistas à partir do Lago de Itaipu" e o título que você me enviou parece ter sido adaptado pela imprensa local, uma vez que citamos a presença das arraias em Ilha, mas não quantificamos nem relatamos quaisquer problemas causados por elas (embora é claro que estes possam ocorrer no futuro). Se o trabalho em grupo for iniciado, teremos mais informações sobre possíveis acidentes (seriam mais prováveis em pescadores).

Vidal Haddad
Professor Livre-Docente
Departamento de Dermatologia
Faculdade de Medicina de Botucatu
UNESP. Hospital Vital Brazil
Instituto Butantan - SP