Quarta-feira, 30 abril 2025
 
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Igreja prepara campanha sobre a Segurança na Quaresma

Padre Fernando, vigário da região de Andradina - Padre Silvestre, fala para lideranças católica.

Discussão de Segurança Pública coincide com sequestro em Guaraçaí.

Guaraçai - Uma coincidência marcou dramaticamente esse domingo em Guaraçaí, pequena cidade de 8 mil habitantes na região Noroeste do Estado de São Paulo.

O Simpósio Diocesano sobre a Campanha da Fraternidade de 2009, com o tema Segurança Pública, dividiu atenção com um raro e único caso até hoje registrado naquela comunidade: um seqüestro.

A polícia se viu obrigada a negociar com um assaltante, a vida de uma jovem mantida sob ameaças. E a cidade inteira ficou acompanhando o desfecho do assunto.

Perdoar e não revidar

Uma equipe de voluntários acompanhou o padre Valdir Silvestre, coordenador da Pastoral Carcerária da Diocese de Araçatuba, na explanação e contextualização do tema Segurança Pública e Fraternidade.

O padre Silvestre se referiu ao episódio do seqüestro na cidade, e disse que os cristãos não devem julgar o agressor, mas exigir que ele cumpra a lei e vá para a cadeia. “Violência não se enfrenta com violência”, disse o padre.

Ele criticou as comemorações pela morte de pessoas classificadas como “bandidos” e apresentou em vídeo, depoimento do jurista Celso Bicudo dizendo que é um equívoca dizer que os Direitos Humanos são para proteger os bandidos: “eles são para defender as pessoas, cada um de nós, vítimas ou criminosos, dentro do mesmo respeito como seres humanos”.

Violência é um processo de injustiças

Para Silvestre, o seqüestro em Guaraçai serviu como um evento marcante para demonstrar que a violência não é um fato só das grandes cidades, mas que segundo o documento da CNBB- Conferência dos Bispos do Brasil, que orienta as discussões sobre a Segurança Pública, trata-se de um processo no qual toda sociedade do mundo está envolvida e sujeita a tragédias.

Tudo isso estimulado pela “cultura da violência” que está impregnada nos meios de comunicação e naquilo que eles apresentam como valores para a sociedade.

Citou-se ainda a desintegração das famílias, com filhos sendo criados sem limites e sem acompanhamento.

Sérgio Calixto, membro do Conselho Tutelar de Araçatuba, apresentou relatórios de pesquisas indicando que no Brasil, as crianças e adolescentes estão pulando fases da vida e ao invés de passarem o tempo estudando e se preparando para a vida com atividades físicas e culturais, acabam se envolvendo em práticas como uso de drogas, assaltos, roubos e sexo irresponsável para preencher o espaço que a falta de educação deixou vazio.

Calixto disse que ainda que a cultura da violência começa em casa, quando os pais pedem para os filhos não fazerem aquilo que na prática eles assistem frequentemente em casa, como discussões, desrespeito e intolerância.

A pedagoga Áurea Esteves Serra confirmou que é na escola que se apresentam os primeiros amargos resultados dessa violência que aos poucos vai evoluindo de palavras, para atos físicos que “ferem o corpo e a alma das pessoas de bem”.

Para Áurea, na grande maioria dos casos de violência na infância tem origem nos distúrbios de educação e relacionamentos durante a infância e a adolescência.

Pobreza é injustiça inconcebível

A Campanha da Fraternidade de 2009 que começa na quarta-feira de cinzas vai lembrar que a miséria e a falta de escola de qualidade são combustíveis da violência no Brasil.

No Estado de São Paulo existem 150 mil presos e precisam ser criadas outras em Guaraçaí, o simpósio foi organizado pelo padre Fernando, vigário da região de Andradina e pároco da Igreja de Nossa Senhora Aparecida.

Com café da manhã e almoço preparado com muito carinho pelos voluntários e até a exposição de livros do acervo de uma livraria, fizeram parte da recepção muito bem organizada.

O uso de multimídia, oferecido pelo Departamento Municipal de Educação, deu agilidade ao processo de formação e motivação das lideranças católicas de toda região que vão encontrar formar de reduzir a violência em todos os setores da nossa sociedade.

Aliás, a professora Glades falou sobre a possibilidade dos conselhos municipais servirem de espaço para a participação popular, a fiscalização e a exigência da prática de políticas públicas em defesa da vida e contra a violência.

“Os projetos e dinheiro para suas execuções até que existem, o que falta mesmo é a iniciativa voluntária da sociedade”, disse Glades.