Quinta-feira, 25 abril 2024
 
Facebook

Nota do SINDPESP sobre relatório do TCE/SP

Raquel Kobashi Gallinati - Delegada de Polícia desde 2012, é a primeira mulher a ser eleita presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, SINDPESP, fundado em 1989. Trabalhou como Delegada de Polícia em delegacias do Departamento de Polícia da Capital (DECAP). Formada em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós graduada em Ciências Criminais e Mestre em Filosofia, pela PUC-SP, em 2007. Pós graduanda pela Academia Nacional da Polícia Federal em Direito de Polícia Judiciária, tem vasto conhecimento nos crimes de violência contra a mulher, especialmente o feminicídio

O Relatório do Tribunal de Contas de São Paulo, que apontou ‘falta ou sucateamento dos recursos materiais’ na Polícia Civil, endossa, de maneira definitiva, tudo o que o SINDPESP denuncia desde que a atual gestão assumiu, em dezembro de 2016. A precariedade das delegacias foi divulgada em agosto de 2017, após o sindicato receber dezenas de fotografias de policiais de todo o estado mostrando, à época, o descalabro das condições de trabalho dos profissionais da Polícia Judiciária que, como constatado pelo TCE, não mudaram ou até pioraram.

Como o SINDPESP reiteradamente afirma, essa situação explicita a incompetência da gestão anterior do Governo do Estado em cuidar da segurança pública. Mas não é só. Além do ambiente de trabalho sofrível, os policiais enfrentam o pesadelo da falta de descanso. Em quase todas as unidades do estado, sobretudo no interior, o sobreaviso é praticamente permanente, delegados respondem por três ou quatro delegacias, escrivães acumulam mais de mil inquéritos cada um, investigadores têm pouquíssimo recurso para exercer suas funções, com viaturas em mau estado de conservação e falta de coletes balísticos, só para citar dois exemplos. Essa situação de um policial trabalhar por três ou quatro decorre do mais grave cenário de deficit enfrentado pela Polícia Civil do Estado de São Paulo.

Hoje, faltam nada menos do que 14.235 profissionais, de um total de 41.912 cargos existentes. Um deficit de 34% no efetivo, quadro inaceitável, que só piorou nas gestões dos últimos 20 anos do partido que ocupou o Palácio dos Bandeirantes, prova inquestionável da sua insensibilidade em relação à segurança da população e à valorização do policial civil. Para finalizar, é preciso mencionar a questão do salário do policial civil paulista, o pior do país entre todas as Polícias Judiciárias, do Oiapoque ao Chuí, sem qualquer aumento real ou reajuste inflacionário, há anos.

De que maneira o Governo de São Paulo se pretende gestor da segurança pública quando sucateia sem pudor algum a polícia que investiga as grandes quadrilhas, que desmantela os braços fortes do crime organizado e que pode, inclusive, deter criminosos de colarinho branco envolvidos em corrupção e roubalheira do dinheiro público? São Paulo não merece o quadro atual de sua Polícia Civil, os policiais menos ainda e a segurança pública grita por uma solução eficiente na área da inteligência, só possível através da Polícia Judiciária, a fim de que de fato a sensação de insegurança que assola as pessoas seja reduzida e a sociedade possa viver em tranquilidade verdadeira.

O relatório do TCE corrobora, inclusive em recomendações, com o que o SINDPESP pensa, denuncia e sugere para a melhora imediata e urgente do cenário de penúria a que o Governo do Estado levou sua Polícia Civil. Apesar desse quadro dramático, nossos profissionais prosseguem incansáveis no exercício de suas funções, se desdobrando para fazerem da instituição a melhor e mais eficiente do país, APESAR do Governo.