Sexta-feira, 26 abril 2024
 
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Deputados criticam repetição do “não sabia” por Dilma após confissão de caixa 2 na campanha

(Foto: Alexssandro Loyola)

As recentes declarações do marqueteiro João Santana e da mulher dele, Mônica Moura, sobre o recebimento de dinheiro proveniente de propina para quitar dívidas da campanha eleitoral agravam ainda mais a frágil situação política da presidente afastada Dilma Rousseff. Mesmo diante dos depoimentos do casal ao juiz federal Sergio Moro admitindo o pagamento de US$ 4,5 milhões do caixa 2 referentes à campanha da petista em 2010, a presidente afastada recorreu a velha e desgastada fórmula de dizer que não sabia de nada. É a mesma estratégia usada por Lula, seu padrinho político, no escândalo do mensalão.

Dinheiro roubado

“Essa argumentação não procede porque todas as pessoas que fizeram esses desvios eram de sua confiança e de seu círculo de poder, e logicamente ela é responsável tanto quanto eles”, disse o deputado Eduardo Cury (SP) na segunda-feira (25). Ele chama a atenção para a gravidade da situação: “Não é apenas dinheiro de caixa 2. É dinheiro desviado da Petrobras e de outros órgãos do governo. Isso é roubo, o que torna a eleição de Dilma ilegal e ilegítima”, afirmou o parlamentar.

Mônica Moura e o marido, João Santana, foram os responsáveis pelo marketing das campanhas do ex-presidente Lula, em 2006, e das duas campanhas de Dilma, em 2010 e 2014. Mônica declarou que o doleiro Zwi Scornicki, de quem receberam o dinheiro, foi indicado a ela pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Zwi é um dos operadores apanhados pela Operação Lava Jato. De acordo com a alegação da presidente afastada, caso esse pagamento tenha mesmo ocorrido, foi sem conhecimento dela.

Segundo Eduardo Cury, o elo está se fechando e as empresas que se envolveram no escândalo da Petrobras já indicaram o caminho do dinheiro, e ele chegou à campanha de Dilma. “Tudo indica que todo esse dinheiro da campanha do PT foi roubado. Eles usam a palavra caixa 2 para tornar isso um pouco mais palatável para a população”, disse.

Impeachment consolidado

Para o parlamentar paulista, a comprovação de que houve dinheiro de origem irregular 2 na campanha eleitoral de Dilma derruba o discurso de que ela é vítima, que não sabia de nada. Para ela, isso complica ainda mais a situação de Dilma frente ao Senado, onde a petista enfrenta a fase final do processo de impeachment. “Esse discurso cai por terra agora com a comprovação de que ela foi beneficiada diretamente com o dinheiro desviado da Petrobras e outros órgãos do governo”, alertou.

“A campanha [de Dilma] foi muito estruturada e muito aparelhada. Era nítida essa questão dos recursos provenientes de caixa dois. Essa prática durante a campanha se refletiu, infelizmente, no governo que o Brasil teve durante os anos de gestão petista”, disse o deputado Izalci (DF). Para o tucano, a petista alega desconhecimento para não confessar um crime. Ainda segundo Izalci, as declarações feitas pelo casal só confirmam o que todos já sabiam.