Quinta-feira, 25 abril 2024
 
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INTERNET: Como combater o vício na rede?

Cada vez mais jovens se interessam pelo mundo virtual, deixando o real de escanteio. Internet em excesso, assim como álcool e drogas, pode viciar, causa abstinência, mas tem tratamento Seu filho chega da escola ao meio dia. A primeira coisa que faz é entrar na internet. Em seguida, almoça e se conecta a alguma rede social, que ele adora: manda recados para os amigos e joga os games oferecidos, até às três.

Como se não bastasse todo o tempo que já passou online, decide pesquisar na rede o tema do trabalho que terá em classe na semana que vem (ou pelo menos é o que ele diz para você que fará). Às cinco, já com a vista cansada, ele liga o videogame na internet e joga com os amigos, conversando com eles por meio de um fone de ouvido - ele fala, inclusive, com gente que não conhece pessoalmente. Às oito vai jantar, faz rapidamente o dever de casa e volta para o msn, até a hora de dormir, depois de muita insistência sua...

Se a cena acima é comum em sua vida, você precisa entender mais sobre vício na rede, problema que tem se tornado mais comum do que imaginamos. "Estimamos que 10% dos usuários da internet já tenham se tornado dependentes", analisa o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do programa de Dependentes em Internet (www.dependenciadeinternet.com.br) do Hospital das Clínicas, em São Paulo. "Desses, 3% são jovens de até 16 anos", completa o psiquiatra infantil Fábio Barbirato, do Rio de Janeiro. Afinal, qual é a linha entre o normal e o patológico quando o assunto é internet? Quais são os sintomas apresentados por essas crianças e adolescentes? Como tratar? Confira a seguir as dicas dos especialistas:

16 sintomas do vício:

Tem mais de cinco amigos virtuais, que não conhece pessoalmente;
2. Antes, vários amigos ligavam na sua casa para falar com ele, agora, isso é bem raro;
3. Fica irritado quando está há mais de uma hora sem internet;
4. Evita sair de casa quando é para ir a lugares sem computador;
5. Só fala dos jogos onlines, redes sociais e pessoas "virtuais";
6. Mente a respeito do tempo que costuma passar conectado;
7. Vai mal na escola - as notas baixas começaram desde que ele passou a usar mais a internet;
8. Desobedece quando você o manda sair do computador - geralmente você precisa falar mais de 3 vezes e cada dia é preciso insistir mais;
9. Não tem motivação para fazer nada;
10. Está com a autoestima bem baixa;
11. Se tornou uma criança caseira e solitária;
12. Nega fazer as coisas que antes lhe davam muito prazer;
13. Se sente triste, ansioso ou deprimido na maior parte do tempo;
14. Adora frequentar lan houses e a conta fica bem cara! (Aliás, esse é o principal programa que ele faz);
15. Ele já chegou a passar mais de 10 horas online em um único dia;
16. Você já sentiu falta de alguns trocados quando seu filho vai para a lan house.

Primeiro, lembre-se de que se seu filho apresentar de um a quatro sintomas, não significa necessariamente que ele tem um vício, apenas indica que é preciso controlá-lo melhor, pois ele pode estar começando a se prejudicar pelo excesso de tempo conectado.

Se ele tiver mais de quatro sintomas e eles forem frequentes, a melhor coisa é procurar um especialista na área de dependência, como um psicólogo ou psiquiatra. "Não adianta conversar ou tentar explicar o vício para a criança, ela não vai entender o real problema", diz Fábio Barbirato, psiquiatra infantil.

Em casa, o melhor a fazer é tentar distrair a criança para outras atividades: matricular, quem sabe, em esportes durante à tarde e estipular um tempo para que ele fique conectado, intercalando com outras tarefas. Também procure não o deixar em casa sozinho nem se conectar trancado num quarto com o computador. "Nesse caso, ideal é o equipamento ficar em um lugar de passagem de pessoas e não em um quarto onde a criança ficará sozinha com ele", indica o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu.

Sim, porém, para funcionar, a família precisa se envolver, pois costuma ser bem difícil controlar a criança com dependência em internet. Em alguns casos, é preciso até tomar medicamentos que controlam a compulsão. O ponto principal do tratamento é fazer com que a criança reconheça que passa tempo demais na frente do computador. Em quadros simples e moderados, o tratamento com psicoterapia pode durar entre um ano a um ano e meio. Nos mais graves, chega até a dois anos. Isso se a família for participativa, caso contrário, o tratamento pode se alongar.

Muitas vezes, junto com terapia, é preciso tratar para depressão, fobia social e transtorno bipolar, problemas ligados ao vício online. Não existe apenas uma explicação e sim, fatores que podem levar ao vício. O primeiro deles é a predisposição genética: se tem casos na família de vício em jogos, álcool ou drogas, é preciso ficar atento com os excessos de seu filho. O indicado pela Academia Americana de Pediatria é deixar a criança conectada por, no máximo, duas horas diárias.

Outro fator, de acordo com Fábio Barbirato, psiquiatra infantil, ocorre pelos pais não saberem como vigiar algo relativamente novo, que não foi da época deles, como a internet. "Isso, porém, não significa que a culpa seja dos pais, afinal, é difícil controlar algo que não se conhece", explica. Ele prejudica em vários aspectos, desde a parte acadêmica à social. Isso significa que a pessoa tende a sofrer de solidão, o que pode desencadear depressão, síndrome do pânico e transtorno bipolar.

Entenda na prática: na infância, ela será acompanhada por notas baixas e sonolência, podendo até perder o ano escolar. Na adolescência, pode se tornar uma pessoa tímida, sem amigos, com dificuldade para arrumar namorada (o), por exemplo. Na vida adulta, o lado profissional também ficará comprometido.