Sexta-feira, 19 abril 2024
 
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Tucanos prometem oposição sem trégua a propostas arbitrárias

Brasília - A presidente Dilma Rousseff mal festejou a vitória apertada nas urnas e já amargou um duro revés ao ver derrotado, na noite de terça-feira (28), o decreto apresentado por ela que condiciona decisões governamentais de interesse social à opinião de conselhos muitas vezes ocupados por “companheiros” aliados ao Planalto. Ainda que a matéria dependa da apreciação do Senado, a perda da votação no plenário da Câmara é um indicativo emblemático de que ela enfrentará muitas turbulências e zonas de instabilidade ao longo do segundo mandato, especialmente no Congresso.

Se depender dos tucanos, a petista e seus aliados não terão sossego para levar adiante projetos que tentam enfraquecer o regime democrático instituído no Brasil. “Não vamos dar trégua a esse governo oportunista e irresponsável que quer, a todo custo, transformar o nosso país numa republiqueta de quinta categoria, controlada pelo (des)governo”, enfatizou o deputado Carlos Sampaio (SP), titular do PSDB na CPI Mista da Petrobras e ex-líder da bancada tucana.

Cartão vermelho

Para o deputado Vaz de Lima (SP), a mobilização da maioria da Casa contra a proposta de Dilma foi uma vitória da sociedade. “Os parlamentares que voltaram da campanha perceberam que a presidente está equivocada ao querer atropelar o Congresso. Nós, brasileiros, demos um cartão vermelho na eleição para essas ideias esdrúxulas e bolivarianas”, afirmou o tucano, numa referência ao regime de governo venezuelano, que, por meio de plebiscitos e reformas constitucionais, fortaleceu o Poder Executivo em detrimento dos demais poderes constituídos.

Eleito para uma das vagas da Assembleia Legislativa de São Paulo, Vaz de Lima torce para que os integrantes da próxima legislatura da Câmara e do Senado saibam interpretar o recado das urnas. “O projeto de poder da presidente Dilma não está em consonância com a opinião das ruas”, alertou. “Nós queremos um país democrático, que avance, que volte a investir em infraestrutura, que corrija os rumos da economia e não esteja dividido. Acho que isso vai trazer à tona um novo Congresso, especialmente porque o Legislativo terá de resolver um problema sério: a brutal corrupção vivida pelo país.”

Vontade soberana

Segundo o deputado Luiz Carlos Hauly (PR), o Palácio do Planalto ignora as graves crises econômica e institucional pelas quais atravessa o Brasil e segue firme na missão de infiltrar seus aliados na estrutura do Estado. “Na democracia, o povo escolhe seus representantes. Mas no decreto do governo petista, a presidente Dilma queria ter o direito de escolhe-los para aparelhar ainda mais a máquina pública”, afirmou. “Que o sentimento de mudança que cobre o país dê forças para que o Parlamento cumpra sua obrigação em sintonia com a vontade soberana dos brasileiros”, completou.

Na opinião do deputado Marco Tebaldi (SC), os tucanos ganharam musculatura suficiente nas últimas eleições para atenderem o clamor da sociedade por mudanças. “A oposição está mais forte. Se no atual quadro de deputados, a Câmara já impôs a primeira derrota da Dilma reeleita, imagine com os 10 novos deputados do PSDB que virão no ano que vem! Vamos à luta!”, declarou.

Chuva de críticas

A exposição pública do abatimento político de Dilma já produziu outro efeito. Menos de quarenta e oito horas depois de anunciar um plebiscito para a reforma política, ela recuou e admitiu que pode ser feita por meio de um referendo, modalidade pela qual o Congresso discute e aprova uma lei, e os eleitores são convocados para dizer se são a favor ou contra.

O “passo atrás” aconteceu após a série de críticas à proposta da petista. Pelo plebiscito anunciado pela petista, os eleitores seriam consultados sobre cada um dos pontos da reforma política e responderiam sim ou não a cada uma das indagações.

(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações do portal “G1”).