Sexta-feira, 19 abril 2024
 
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A difícil luta contra as drogas

O Brasil tem 370 mil usuários regulares de crack, e a na maioria dos casos a internação é involuntariamente por decisão da família

Brasil - Uma droga barata, cinco vezes mais potente que a maconha. Conhecida pelos brasileiros na década de 80, o crack se disseminou pelas classes sociais e ganhou as cidades do Estado de São Paulo. O crack lidera as estatísticas oficiais, tanto que na cidade de Bauru (346 km de SP) foi instituído o programa “Família Contra as Drogas”, página criada no Facebook, que tem o objetivo de prestar assessoria e orientação às famílias que vivenciam o drama da dependência química. O projeto é voluntário e sem fins lucrativos.

Buscar o apoio da família é fundamental para a recuperação, pois é dentro do núcleo familiar que o dependente encontrará o apoio necessário para dar início ao seu tratamento e promover o reencontro consegue mesmo. Mas, nem sempre o caminho é tão fácil. Existem casos onde os familiares se deparam com um grave dilema diante da recusa do dependente em aceitar ajuda o que leva os parentes a decidir por uma internação involuntária, nos casos mais graves onde a pessoa coloca a vida dela e de outros em risco.

E é neste momento que a “Comunidade Atos” oferece ajuda para quem mais precisa por meio do projeto “Família Contra as Drogas”. Na página, (https://www.facebook.com/familiacontraasdrogas) a Comunidade Atos leva ajuda e orientação às famílias para o tratamento do vício em álcool e drogas, e faz o encaminhamento do dependente para clínica especializada, com abordagens terapêuticas já comprovadas, capazes de motivar os pacientes a buscarem novos estilos de vida e, de forma consequente, manterem-se saudáveis, produtivos e com relações familiares e sociais estáveis.

Os usuários desta droga derivada da cocaína tem um curto espaço de tempo - a saúde, as relações sociais e a vida destruída. Hoje, o Brasil se depara com um número cada vez maior de dependentes. Embora não haja um levantamento detalhado e confiável da dimensão dos usuários do crack, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estimativa apontam que cerca de 600 mil pessoas são dependentes no Brasil, sendo 24.833 somente no Estado de São Paulo. Esse fato que gera um aumento das ocorrências policiais como acidentes, assaltos, violência doméstica, entre outros, além de contribuir para que traficantes mantenham seu faturamento em alta.

Esse é o caso

A destemida busca pelo crack é acarretada pelo seu elevado e incomparável potencial viciante. “É raríssimo encontrar alguém que o use apenas social e esporadicamente”, diz o coordenador da página Carlos Henrique de Freitas. “Quem prova uma vez, fatalmente, vai querer usar novamente, e o risco de dependência é quase imediato no caso do crack”, explica.

O crack em números

Um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça, mostrou que 370 mil usam a droga nas capitais, sendo: 80% dos usuários são homens; 80% usam droga em local público; 80% são não brancos; 65% fazem 'bicos' para sobreviver; 60% são solteiros; 40% vivem nas ruas; 40% estão no Nordeste; 30% das usuárias já fizeram sexo para obter a droga; 10% das usuárias ouvidas estavam grávidas; Usuários têm 8 vezes mais HIV; Tempo médio de uso é de 8 anos.16 é a média de pedras por dia.

Efeitos no organismo

Boca: Porta de entrada da droga sofre com queimaduras, inflamações na gengiva, cáries e perda de dentes.

Cérebro: O uso crônico leva a danos cerebrais. A droga compromete a atenção, a fluência verbal, a memória e as capacidades de aprendizagem, concentração e planejamento. Paranoias também são comuns. Se ouvir um barulho, o dependente pode pensar tratar-se de um helicóptero que o está perseguindo, por exemplo. Surtos psicóticos, perda de valores éticos e agressividade são outros comportamentos observados.

Pulmões: São os primeiros órgãos expostos às substâncias do crack. Tosse por irritação dos brônquios e chiados no peito pode aparecer dentro de minutos ou após várias horas de uso. Há casos de edema pulmonar.

Sistema cardiovascular: São comuns sintomas de taquicardia, aumento da pressão arterial e até arritmias, especialmente quando a droga é combinada com álcool. Isso pode levar a um acidente vascular cerebral (AVC) ou a um infarto agudo do miocárdio, mesmo em pessoas jovens.

Sistema digestivo: Como o organismo passa a trabalhar em função da droga, o dependente não tem vontade de comer e emagrece muito rápido. Por isso, fica desnutrido. Úlceras gástricas e diarreias também são frequentes.

Sistema reprodutor: Quem usa crack fica mais exposto a comportamentos sexuais de risco. Pesquisa da Unicamp com 252 usuários de cocaína e crack mostrou que 20% tinham o vírus HIV e 67% dos entrevistados nunca usaram preservativo nas relações sexuais. O dependente pode perder o interesse por sexo ou apresentar impotência.

Dedos: De tanto acender o cachimbo de crack, muitos queimam os dedos a ponto de deformá-los.

SERVIÇO: “Projeto Família Contra as Drogas”.